Uma das grandes discussões do mercado pecuário nos últimos tempos vem sendo a retirada da vacinação da febre aftosa em todo o país, tornando o Brasil livre da doença sem vacinação. Atualmente apenas o Estado de Santa Catarina é reconhecido com tal status, e outros, como o Rio Grande do Sul, estão buscando este mesmo status no sentido de abrir novos mercados para a carne bovina.
Para o delegado do Sindicato dos Médicos Veterinários no Estado do Rio Grande do Sul (Simvet/RS), João Junior, a medida em termos de mercado é extremamente positiva, visto que há uma valorização maior do produto de países com este reconhecimento. "A retirada da vacina abre um mercado gigante para o Brasil tanto em valores quanto em aumento do comércio. É importante nos prepararmos para este momento e talvez esta seja a hora, diminuindo o risco de dentro do Brasil para fora", observa.
Entretanto, um dos pontos principais destacados pelo dirigente do Simvet/RS está a questão da fiscalização, especialmente por causa das fronteiras secas existentes entre os países da América do Sul. O Rio Grande do Sul, segundo Junior, é um dos Estados com mais riscos por fazer divisa com Uruguai e Argentina. "É importante nos precavermos da doença fortalecendo a fiscalização nas fronteiras. Já tivemos problemas esses tempos na Colômbia, além disso o Brasil está investindo na Venezuela e com isso vai investindo em outros países para o problema não chegar no país, já que é o controle é muito difícil", explica.
Além disso, o especialista alerta também que é necessário cuidados especiais com animais silvestres, entre eles as capivaras e javalis. De acordo com Junior, este último especialmente requer atenção das autoridades devido a grande proliferação nos campos pelo Brasil. "Alguns animais silvestres podem ser portadores da doença, pois animais com casco bipartido podem contrair a aftosa e transmitir aos bovinos. Os javalis, especialmente, percorrem áreas muito grandes em extensão e devem ter atenção", avalia.