“Houston, nós temos um problema.” Com a famosa frase sobre o vazamento de oxigênio na Apollo 13, o fundador e CEO da Dreams & Purpose Consulting, Leonardo Lima, provocou os participantes do Mosaico do Agronegócio, na palestra “Monetização e Efetividade da Sustentabilidade”, sobre o impacto da ação do homem no planeta, em Gramado (RS). O evento terminou na manhã desta sexta-feira, 10 de junho, no Centro de Eventos do Hotel Wish Serrano e foi promovido pela SIA, Serviço de Inteligência em Agronegócios, e pelo Senar-RS.
Lima destaca que na ocasião da viagem à lua, em 1970, centenas de cientistas trabalharam no problema de vazamento de oxigênio para salvar a tripulação e que, atualmente, uma força tarefa similar não ocorre para o futuro da humanidade no planeta Terra. Para ele, temos que ter pressa na tomada de decisões nesse sentido. “Podemos estar de acordo ou não, gostar ou não, mas a sustentabilidade é algo que passou a ser inerente em nossas vidas”, afirmou. “Vivemos em um planeta que não está dando conta e está com problemas para se regenerar”, apontou, complementando que no decorrer do desenvolvimento da humanidade passamos a produzir mais do que necessitamos.
“Somos quase 8 bilhões de pessoas no mundo e seremos 11 bilhões em 2100”, chamou a atenção na palestra ministrada. Lima defende que detritos, substâncias químicas, resíduos, plásticos precisam ingressar em um ciclo de economia circular e o campo necessita ajudar a educar a cidade para essas questões. O fundador e CEO da Dreams & Purpose Consulting trouxe como dado que mais de mais de 80% da população brasileira habita somente 0,63% do território nacional. “Um jovem na cidade talvez nunca tenha a chance de beber água em uma nascente, dar a dimensão e a importância da preservação. O campo vai para a cidade, mas a cidade não vai para o campo.”
O mercado da sustentabilidade agrega valor no agronegócio e monetização dos ativos sustentáveis. “Infelizmente muitos consumidores no mundo não conhecem o que acontece no campo”, explicou, complementando que os jovens querem participar das soluções dos problemas e estão mais atentos às marcas sustentáveis e em como os produtos são produzidos. “O mercado financeiro percebeu há cinco anos que as mudanças climáticas são uma bomba-relógio e isso afeta os custos dos alimentos e dos negócios. Há um movimento e pressão de empresas, mercados e ONGs e os investidores estão aterrorizados com o que está acontecendo pela falta de previsibilidade do futuro. As empresas vão exigir do campo”, alertou, complementando que toda crise gera uma oportunidade. “É hora de liderar e tomar ações individuais”.
A segunda palestra da manhã tratou da uniformização das informações que mapeiam a sustentabilidade do setor da carne. Luiza Bruscatto, gerente Executiva do GTPS, detalhou as ações da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável. E o primeiro alerta foi de que é preciso um olhar sistêmico de toda a cadeia do agronegócio. “Temos 15 anos de história e o Brasil tem a oportunidade única de ser quem inspira as melhores práticas para outros países”, relatou.
Luiza também detalhou ferramentas utilizadas pela entidade e entre elas, está o Mapa de Iniciativas da Pecuária Sustentável. “Queremos compartilhar as boas notícias e tentar reverter a imagem negativa das notícias que vemos na mídia e que chegam de fora, sobre o nosso agronegócio”, explicou. Segundo ela, as histórias e iniciativas de sucesso são incluídas na plataforma e servem de vitrine de boas práticas da pecuária.
Após as duas palestras foram apresentados alguns cases de sucesso envolvidos na monetização da sustentabilidade. Os convidados para explicar suas experiências nesse sentido foram o CEO da No Carbon Milk, Luiz Fernando Laranja; a gerente nacional do Programa Carne Angus Certificada, Ana Doralina Menezes; o gerente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Cara Preta, Bruno Carneiro; o vice-presidente de Operação da Future Carbon Group, Thiago Otero; a coordenadora do Universo Pecuária, Marcela Santana; o superintendente do Senar Produção Sustentável, Eduardo Condorelli; a coordenadora da SIA Sustentável, Helen Estima; e o CEO da Gooders, Fabio Procópio Ribeiro.
Fotos: Eduardo Rocha/Divulgação
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