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Brasil terá a missão de alimentar o mundo e evitar desabastecimento


O economista chefe da Farsul, Antônio da Luz, foi o primeiro palestrante deste segundo dia do Mosaico do Agronegócio, organizado pela SIA, Serviço de Inteligência em Agronegócios, em parceria com o Senar-RS, na Arena Lavoura. Ele fez um alerta a respeito da crise de alimentos do mundo e os cenários de pandemia e guerra do momento. Segundo o especialista, o Brasil é quem tem a missão de salvar os demais países do desabastecimento. “A guerra na Ucrânia não foi o estopim da crise e sim o contrário”, afirmou. Segundo ele, os lockdowns em razão da pandemia por Covid-19 também afetaram a indústria alimentícia em vários aspectos, bem como a crise energética.


No começo de sua palestra, o economista apresentou dados da FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura em que teremos 82 milhões de habitantes no mundo que passarão fome e outros 1,2 bilhão que irão reduzir a quantidade de alimentos ingeridos e enfrentarão a subnutrição. Ele também destacou que, a partir de 2017, o mundo passou a ver a redução nos estoques de trigo e que, no mundo, os estoques deste grão vão cair mais do que os 217 milhões atuais. Hoje, 53% dos estoques de trigo estão na China, bem como os 67% de milho e 32% de soja. “E em uma crise de alimentos vocês acham que a China vai ajudar os demais países?”, questionou o palestrante.


Ao defender as políticas de incentivo às exportações, Antônio da Luz lembrou que na pandemia outros países exportaram máscaras, equipamentos médicos e vacinas. “Não permitam que critiquem as exportações. Nós temos obrigação de exportar alimentos para alimentar o mundo”, disse ele, ressaltando que quanto mais exportar, mais o país irá plantar, menor será o risco de desabastecimento e mais barato o alimentos se tornará.


A segunda palestra da manhã, na Arena Lavoura, teve como tema Agricultura de Alta Performance, com o engenheiro agrônomo e produtor gaúcho Murilo Teixeira Gonçalves, da Estância Cerro do Ouro, que iniciou contextualizando sua história familiar no campo, iniciada em 1918. “Desde aquele ano havia livro-caixa, registrando entradas e saídas, e em 1929, com toda a crise, havia água encanada e luz elétrica, conforme a tecnologia da época”, destacou.


O engenheiro apresentou diversos projetos que são desenvolvidos dentro da propriedade, e que aprimoraram as tecnologias já desenvolvidas e trouxeram precisão em diversos processos . Entre eles, Murilo destacou uma plandeira. “Com ela, conseguimos colocar a semente na profundidade que queríamos”, contou o produtor. Segundo ele, ter a fábrica na empresa propiciou uma verdadeira escola para os familiares e colaboradores da empresa.


Conforme o produtor, também foram desenvolvidos experimentos na propriedade, a partir de 1996, quando iniciou o plantio de soja. “Conversamos com vizinhos, desenvolvemos nosso sistema de produção e hoje a postagem sai mais cedo, o gado entra mais cedo, e tudo se encaixou”, disse. Atualmente, a Estância Cerro do Ouro também pesquisa agricultura regenerativa. “Temos um experimento de um mix de 23 culturas para ver o que se adapta melhor para nosso sistema”, contou o produtor.


Após a palestra, ainda foram realizados dois painéis. Giovani Faé, da Embrapa Trigo, ressaltou que ninguém trabalha com alta performance sem ter números. “Precisamos falar também da incidência solar, da radiação, e da incidência hídrica”, ressaltou. Já Bianca Ferreira Rasmussen, gerente geral da Spraytec Fertilizantes, questionou as ações que estão sendo tomadas pelo produtor na busca pela alta produtividade. Segundo ela, não adianta poder ir no mercado e comprar o que precisa para a lavoura se não sabemos se estão sendo 100% eficientes. “Temos fatores bióticos e abióticos que estão abocanhando a nossa produtividade”, disse ela. Bianca destacou que o recorde mundial de produtividade da soja é 213 sacas por hectare, que o recorde nacional é de 149, mas que a média de produção é de apenas 58.


Foto: Eduardo Rocha/Divulgação

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