A quarta edição do Prosa de Pecuária, realizada na noite desta terça-feira, 21 de setembro, trouxe o tema do carrapato bovino para a pauta. Com o início da primavera, onde as populações do parasita iniciam seus trabalhos de proliferação no campo, o Instituto Desenvolve Pecuária apresentou o assunto para os produtores em live. O convidado foi o médico veterinário João Ricardo Martins, graduado pela Universidade Federal de Santa Maria, (UFSM), mestre em Parasitologia pela University of Liverpool, Inglaterra, e Doutor em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
No início da live, o painelista mostrou um cenário da pecuária de corte do Brasil. Destacou o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal em relação ao status de livre de febre aftosa sem vacinação, no qual o Rio Grande do Sul foi um dos Estados contemplados. Com dados do Sindan, mostrou também que em 2020 o mercado de antiparasitários em todo o setor de produção de fármacos veterinários foi de 27%, sendo que 51% de todo o mercado veterinário é consumido pelos ruminantes.
Martins relatou o impacto econômico causado pelo parasita, que hoje chega a mais de US$ 3,24 bilhões. "Se a gente pensar que isso é a metade do que se exporta em carne anualmente, podemos ter a ideia do impacto deste parasita na pecuária que por si só justificariam medidas essenciais para combater o carrapato", destacou, acrescentando que altas infestações provocam anemia e altos parasitismos podem levar o animal à morte. "Os animais com altas infestações também têm quatro vezes mais chances de ter bicheiras", ressaltou, citando estudos acadêmicos em relação ao tema.
Outro ponto observado pelo painelista foi a alteração das práticas de manejo para aumentar as produtividades, muitas vezes com mais animais em menor espaço. “Obviamente que esta situação de pressão vai alterar essas relações com os organismos que estão no ambiente. À medida que eles têm mais ofertas de hospedeiros, a situação pode se alterar e eles terem mais condições para estes parasitas. Esse é o desafio que se enfrenta e é preciso considerar nessa tentativa de aumentar a produção de animais por hectare”, salientou.
Segundo Martins, o carrapato reinicia suas atividades neste período de primavera, o que é chamada a primeira geração, onde eles caem no solo e encontram temperaturas favoráveis ao seu desenvolvimento, tendo fases de picos em dezembro, fevereiro e maio. Mas as mudanças no clima e ondas de calor no inverno também fazem com que a preocupação continue em outros períodos. “Muitos produtores tiveram envolvimento no combate aos carrapatos no mês de julho e início de agosto devido às altas temperaturas”.
Para minimizar os efeitos, o especialista falou sobre os tratamentos convencionais e que o ideal é tentar pegar o carrapato no início das infestações, que são as populações que ainda não estão intensas neste fim de inverno. “Precisamos também ter a suscetibilidade de saber que carrapaticida usar e quando usar. Cada propriedade apresenta suas características. Mas o essencial é tentar diminuir as infestações na área focando o início das gerações de carrapatos”, frisou.
Conforme o especialista, no Brasil, não há campanha oficial de controle de carrapatos como se teve em outros países como Estados Unidos, Austrália, Argentina, entre outros e hoje está na mão dos próprios produtores. A live completa pode ser conferida no canal do YouTube do Instituto Desenvolve Pecuária no endereço www.youtube.com/desenvolvepecuaria.
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