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Construção e reforma de imóveis geram cerca de 70 mil caçambas de resíduos por mês


Em média, uma empresa que recolhe resíduos sólidos provenientes da construção civil, encaminha para reciclagem 2 mil m³ da chamada caliça. São cerca de 500 caçambas a cada trinta dias. Sem contar com o serviço clandestino, o movimento pode ultrapassar 70 mil caçambas/mês. Os dados são da Associação dos Transportadores de Caçambas Estacionárias de Porto Alegre.


A entidade possui entre seus quadros, 41 empresas registradas. A presidente, Guacira Ramos, diz que ainda existem outras 100 empresas que não integram a associação. Há, ainda, um número impreciso de pessoas que oferecem um serviço não regularizado. “Empresas pequenas movimentam cerca de 200 caçambas por mês e outras empresas de grande porte podem chegar a 800”, explica Guacira.


A empresária destacou que, nos dois últimos anos, viveu o melhor momento para seu negócio. Apesar de ter negociado a demissão de funcionários por medo de ficar sem trabalho durante a pandemia por Covid-19, Guacira conta que foi surpreendida com um movimento acima da média. “Dobrei o número de caçambas, aumentei a quantidade de caminhões e tive que contratar mais trabalhadores do que tinha”, garante.


Lei garante o destino certo - Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (instituída pela Lei 12.305/ 2010), os Resíduos da Construção Civil (RCC) são aqueles gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação escavação de terrenos para obras civis. Conforme o Conselho Nacional do Meio Ambiente são resíduos da construção tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc.


As obras residenciais ou comerciais que utilizam processos construtivos convencionais, ou seja, estrutura de concreto armado associada a vedações em alvenaria com blocos de concreto ou cerâmicos, geram entre 0,10 e 0,15 m³ de Resíduos da Construção Civil - RCC /m² de área construída. Deste total, 50% desse volume se referem à alvenaria, concreto, argamassas e cerâmicos; 30% à madeira; 10% ao gesso; 7% ao papel, plástico e metais; e 3% são constituídos de resíduos perigosos e outros resíduos não recicláveis, inclusive rejeitos.


Na prática, quatro iniciativas podem ajudar a controlar os resíduos na construção civil: uso de materiais de construção sustentáveis; reutilização de matéria-prima de demolição; reciclagem de materiais e sistemas de contenção de resíduos no canteiro de obras.


Gesso, um vilão? - Entre os materiais provenientes da construção, demolição ou reforma de residências e prédios comerciais ou residenciais, está o gesso. De baixo custo-benefício se comparado a outros produtos frequentemente utilizados pelas arquitetos, o gesso é um material de fácil manuseio, podendo ser modelado de diversas formas, o que faz com que a decoração do ambiente seja original e possa transmitir a personalidade do cliente. Contudo, quando é preciso retirá-lo de um ambiente para uma reformulação no design, deve ser descartado de forma correta.


Devido às suas características físicas e químicas, o gesso não pode ter contato direto com o meio ambiente. Constituído de sulfato de cálcio di-hidratado, em contato com o oxigênio da água oxida-se e torna-se tóxico para o meio ambiente. Ou seja, a dissolução do material provoca a sulfurização dos solos e a contaminação dos lençóis freáticos.


Reciclagem do gesso - No site do Departamento Municipal de Limpeza Urbana da Capital, há uma cartilha que informa o destino correto de todo lixo produzido em Porto Alegre. Para o gesso, o DMLU indica que seja consultada a empresa Sebanella Reciclagem de Gesso. Especializada na reciclagem de resíduos de gesso, a empresa é a pioneira no setor e além da central de reciclagem, localizada em Canoas, possui outros 108 pontos de coleta no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Resíduos provenientes da construção civil, como gesso acartonado (drywall), gesso convencional (é a placa que não contém papel), moldes de gesso originados em diferentes segmentos (indústrias matrizarias de sapato, louças sanitárias, gerados na criação de objetos decorativos e até moldes dentários), são transformados de forma ecológica, em uma fonte de insumos para outros processos e aplicações.


Detentora do mercado na Região Metropolitana de Porto Alegre, a Sebanella produz 2,5 mil toneladas de gesso reciclado por mês. A empresa recebe o material também dos estados de Santa Catarina e Paraná. Sebastian Pereira, diretor da recicladora, conta que todo o material processado é vendido para a indústria de cimento. “No futuro, queremos investir em duas fábricas: uma de blocos de gesso reciclado e outra de gesso agrícola ensacado”, conta. O gesso reciclado tem seu uso no campo como corretor da salinidade do solo. O gesso agrícola no solo também visa aplicar cálcio e enxofre e melhorar o ambiente em subsuperfície.


Outro projeto da empresa é a parceria com condomínios, para facilitar o descarte do material proveniente de reformas nas unidades residenciais. Na última semana, a Sebanella concedeu o selo EcoFriendly ao Condomínio Panamby, localizado na Zona Leste da Capital. Composto por torres com um total de 342 apartamentos mais um conjunto de 22 casas, o condomínio conta com uma caixa específica para o recolhimento do gesso proveniente de obras, intervenções de design e outros.

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