Um levantamento feito pelo criador João Lemke, da Fazenda Alto Alegre, em São Lourenço do Sul (RS), apresentou os danos que a estiagem trouxe para a propriedade, o que impactou na produção da alimentação do gado leiteiro. Em uma planilha, no qual preenche desde 1989 com os índices pluviométricos, constatou que a seca na região foi a pior desde que iniciou a medição.
A precipitação pluviométrica medida pelo produtor, entre novembro de 2019 e abril de 2020, chegou a apenas 313 milímetros, média de 32,2 milímetros por mês e 1,72 milímetros por dia. Para se ter uma ideia, na estiagem de 2012, o índice no período foi de 723 milímetros se considerados os mesmos seis meses. “Trabalhamos com gado semiconfinado e a alimentação é com silagem de milho. Fizemos muito feno, a produção caiu pela metade”, conta Lemke.
O produtor também afirma que a dificuldade inclusive veio na reposição do pasto para a alimentação do gado leiteiro. “A estiagem atingiu a ressemeadura de azevém, comum da nossa região e na nossa propriedade. Neste ano não conseguimos produzir nada até agora e normalmente estaríamos fazendo a segunda ou terceira passagem de azevém. Quase que o mês de maio entrou nesta estatística, pois foi só chover dia 21”, ressalta.
Para o presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang, os dados levantados por Lemke mostram a difícil situação que a estiagem trará na produção de leite para os próximos anos no que diz respeito à atividade. “O nosso prejuízo com a estiagem não é imediato, é um prejuízo de mais de um ano. Muitas terneiras e novilhas que seriam criadas terão que ser vendidas ou até abatidas porque o produtor de leite não tem alimento suficiente para poder criá-las. Além disso poderá ter que reduzir seu rebanho das vacas em lactação”, destaca.
Tang avalia que os custos de produção terão aumento ao produtor, o que poderá inviabilizar diversas famílias na atividade. Lembra que na alimentação, especialmente pela silagem de milho nesta temporada, a maioria dos criadores conseguiu fazer apenas a metade do que seria o ideal. “Se o produtor quiser manter o seu plantel, ele terá que comprar e isto aumentará este custo. Como todo o Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina tiveram problemas, o produtor terá que comprar de outros lugares ou achar alternativa”, observa.
Como solução, o presidente da Gadolando enfatiza que é necessária a redução de impostos neste momento para amenizar os impactos da estiagem junto aos criadores de gado leiteiro. “Não pedimos empréstimos, mas sim a redução de impostos tornando o produto mais acessível. Produtos que nós da cadeia leiteira necessitamos, pois precisamos agora nos abastecer de sementes e adubos e estes não têm seus preços freados por estiagem. Este custo está muito alto pelo que recebemos pelo leite”, salienta.
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