As escolas públicas estaduais consideradas como do campo irão sofrer um forte impacto a partir deste mês de maio com a implementação de parte das mudanças do novo plano de carreira do magistério. Muitos professores terão reduzidas as suas gratificações de difícil acesso, agora chamada de “Local de Exercício”. Atualmente o Estado possui 520 escolas consideradas do campo por desenvolverem atividades mais focadas à educação rural. Levantamento realizado pelo Dieese revela que 85% destas instituições de ensino receberão menos do que a metade do valor máximo desta gratificação. De acordo com o presidente da Associação Gaúcha de Professores Técnicos de Ensino Agrícola (Agptea), Fritz Roloff, uma das principais consequências desta redução drástica do difícil acesso para os professores das escolas agrícolas será a inviabilidade de muitos docentes atenderem os alunos em locais que não têm acesso por ônibus ou transporte escolar por ficaram muito distantes das cidades. “Infelizmente, as escolas agrícolas não são consideradas como do campo, apesar de desenvolverem atividades focadas à educação rural. É uma grande incoerência, pois entendemos que elas são o grande difusor de tecnologia do campo”, destaca. Roloff afirma que há uma total desconstrução da proposta pedagógica do campo. Para o dirigente, não existe nenhuma preocupação em manter as pessoas no meio rural. “Já está provado ao longo dos anos que a escola é fundamental para manter a família no campo. Ela é um centro que congrega não somente o ensino, mas também a comunidade. São nestes espaços que se realizam as reuniões, planejamentos, cursos para as mães ou até atividades que contribuam para a melhoria da qualidade de vida”, explica. As escolas técnicas agrícolas possuem laboratórios vivos que precisam ser atendidos todos os dias. Muitos professores, além das aulas, realizam plantões para atender os diversos setores agropecuários de aprendizagem dentro dos colégios. Roloff salienta que são eles que abraçam as atividades juntos aos animais, em cima de máquinas para plantar e colher, ou seja, “realizam todo o acompanhamento que uma lavoura ou criação precisa receber”. Portanto, ressalta o presidente da Agptea, o Estado não reconhece a diversidade de atividades que estas escolas têm. Roloff lembra ainda a retirada da insalubridade que tinha sido conquistada justamente para aqueles professores que não tem funcionários nas Unidades Educativas de Produção (UEPs). Mas, acrescenta, que mesmo com toda a questão da pandemia do Coronavírus (Covid-19), a Associação está se articulando e organizando estratégias na busca de soluções. “O Estado, enquanto poder público, precisa retomar uma linha de apoio e mostrar que realmente quer uma educação de qualidade ou estará jogando fora todo um projeto político pedagógico”, conclui.
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