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Retorno da chuva ameniza prejuízos da estiagem nas escolas agrícolas


O retorno das chuvas ao Rio Grande do Sul vem amenizando os impactos na agricultura e na pecuária, assim como também nos setores produtivos de aprendizagem nas escolas agrícolas. A estiagem que atingiu o estado nos últimos três anos prejudicou as Unidades Educativas de Produção (UEPs) destas instituições de ensino, que trabalham com bovinos de corte e de leite, aves, suínos, cunicultura e demais criações, assim como lavouras. Um exemplo deste cenário é a Escola Técnica Estadual Cruzeiro do Sul, localizada em São Luiz Gonzaga (RS), na região das Missões.


O diretor Ayrton Ávila da Cruz afirma que a escola vem tentando minimizar os prejuízos da seca, reorganizando os setores de aprendizagem e produção. “Tomamos algumas decisões, como a diminuição em torno de 20% no número de animais para que o campo nativo consiga se recuperar a fim de evitar problemas no próximo verão”, informa, destacando que é repassado aos alunos que, às vezes, é necessário recuar em algumas questões para evoluir mais à frente. “Os campos nativos hoje estão verdes, mas a grama não cresce porque estamos no inverno e o produtor que não tiver pastagem de inverno, aveia e azevém, terá problemas de perda de animais por causa da estiagem. Aqui na escola, como fizemos um planejamento, temos pastagem suficiente para todos os animais”, observa.


A ajuda da Superintendência da Educação Profissional do Estado (Suepro), lembra o diretor, foi importante por meio de um recurso emergencial para a compra de milho para a alimentação dos animais. “No nosso caso, já estamos com uma área de cobertura preparada com aveia preta e nabo forrageiro para a implantação de uma lavoura de milho de 35 hectares agora no final de julho, que vai suprir as necessidades da escola no futuro”, sinaliza.


Cruz conta também que com uma boa condição de umidade foi possível realizar a semeadura das lavouras de inverno, como o trigo. Explica que antes disso, a primeira providência tomada, logo depois na resteva do milho, foi semear aveia como pastagem para os gados de corte e de leite. Estamos retornando à normalidade”, ressalta. O diretor pontua, no entanto, que como era previsto a cultura da soja ficou com uma colheita muito baixa. “Colhemos sete sacos e meio por hectare, então foi um prejuízo bem considerável. No milho também a colheita foi muito baixa”, enfatiza.


Conforme Cruz, a escola está retomando as suas atividades próximas da normalidade com as chuvas que chegaram, “embora o resultado da seca vá perdurar por um período maior”. “Os reflexos da estiagem ainda vão impactar na produção, nos resultados e nas possibilidades de investimento nos setores de aprendizagem e produção para os próximos dois anos. Por isso, a escola precisa, assim como todas as propriedades rurais, se reorganizar para enfrentar o futuro”, salienta.


Para o diretor, a seca também trouxe possibilidades de estudos, pesquisas e reflexões sobre a importância, por exemplo, da infiltração de água no solo, de manter as vertentes protegidas, das áreas de preservação permanente, da rotação de culturas, de manter um loteamento de animais que não causem impactos muito profundos, especialmente no campo nativo, além da implantação de pastagens cultivadas, bem adubadas, com piquetes e rotação de animais. Cruz reforça também o uso econômico da água para a produção nos setores que são mais intensivos, como as hortaliças. “São detalhes importantes de reflorestar, de pensar no futuro, de manter as construções da escola em bom estado. São questões que retomamos de maneira muito mais forte agora, com o final da estiagem”, detalha.


“A seca trouxe aprendizagens importantes para o processo formativo dos técnicos em agropecuária na Escola Cruzeiro do Sul”, afirma Cruz, enfatizando que a seca contribuiu para repensar a prática pedagógica nos setores de aprendizagem e produção, na perspectiva de formar um técnico em agropecuária mais ligado nas questões ambientais, nas mudanças climáticas, na importância do clima no processo produtivo. “É muito importante ter informações sobre o clima na hora de tomar decisões para a implantação de uma lavoura, de uma pastagem, de quantos animais serão colocados em uma área de pastejo”, salienta.


Cruz diz estar torcendo para que as colheitas retornem à normalidade e seja possível trabalhar nos setores produtivos voltados para a produção de recursos, riquezas e conhecimento, com a participação dos alunos no desenvolvimento dos projetos técnicos pedagógicos que são desenvolvidos nos 18 setores de aprendizagem e produção existentes na escola. “Essa retomada pela pesquisa e pelos novos conhecimentos no setor de produção começa a funcionar de uma maneira mais efetiva a partir de agora”, finaliza o diretor.

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