A Escola Técnica Estadual Doutor Rubens da Rosa Guedes, de Caçapava do Sul (RS), é uma das vencedoras da Região Sul do Prêmio Respostas para o Amanhã, uma iniciativa da Samsung com a coordenação geral do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC). Em sua 5ª edição, o prêmio classificou na primeira etapa, após análise dos Comitês Técnicos Regionais, 25 projetos regionais, sendo cinco de cada região do país (Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul). A proposta do Prêmio é selecionar projetos desenvolvidos por docentes com seus alunos e que mobilizem os conhecimentos curriculares nas áreas das Ciências da Natureza e/ou da Matemática e suas Tecnologias para solucionar problemas das comunidades onde vivem.
O tema escolhido pela escola técnica gaúcha foi "Quilombolas: Recuperação de áreas degradadas e fortalecimento de aspectos socioculturais". A situação de degradação das matas ciliares e das nascentes da comunidade quilombola Picada das Vassouras é a realidade que os estudantes propõem modificar a partir de ações para recuperar a vegetação e fortalecer aspectos socioculturais. O trabalho foi desenvolvido pelos alunos do 2º ano do Ensino Médio Integrado ao Curso Técnico em Agropecuária, sob a coordenação das professoras Ana Flavia Corrêa Leão, Elisete Pereira dos Santos e Francelina Elena Oliveira Vasconcelos.
O diretor da escola, Paulo Benites, destaca que o prêmio é uma simbologia de um trabalho que vem sendo desenvolvido desde 2014. Salienta que se trata de um projeto de resgate cultural e interlocução com a cultura nativa da região. “São realizadas palestras, visitação de alunos e Dia de Campo nesta comunidade Quilombola Picada das Vassouras. É um trabalho pedagógico voltado também ao resgate da cultura e a valorização do homem do campo”, observa, ressaltando ainda que o prêmio traz visibilidade para toda a educação agrícola do Estado. “As escolas estaduais estão de parabéns porque todas desenvolvem um trabalho magnífico dentro da sua realidade”, afirma.
A professora Ana Flavia Corrêa Leão explica que o trabalho premiado faz parte de um projeto iniciado há quatro anos dentro da comunidade quilombola com o objetivo de fazer um resgate das sementes crioulas. Lembra que primeiro foi feito um resgate social de como essas sementes eram armazenadas, como era o meio em que viviam os moradores do local, passando depois para um levantamento das dificuldades de armazenagem e chegando, inclusive, na questão do êxodo rural e sucessão familiar. “A partir de então começamos a buscar alternativas de como contribuir com a comunidade para a preservação dessas sementes e também com a criação do banco de sementes crioulas na escola”, enfatiza.
Em 2018 esse trabalho se subdividiu: um grupo de alunos foi trabalhar na comunidade e um outro grupo ficou na escola desenvolvendo um projeto para a criação de uma estação experimental onde as pessoas possam visitar e receber assistência técnica de como fazer o plantio das sementes crioulas. A aluna Ana Júlia, de 16 anos, participa dos projetos e está na formação de guardiões de sementes crioulas. “Já consigo sentir o quanto esse trabalho ampliou o meu conhecimento e, inclusive, ajudar em casa, onde plantamos para consumo próprio. Meu desejo é permanecer nessa área”, sinalizou.
Entre os próximos dias 17 e 24 de setembro, um júri popular irá escolher um vencedor de cada região. Logo após, estes vencedores serão avaliados por uma Comissão Julgadora que irá selecionar três Vencedores Nacionais para serem contemplados com uma viagem de Intercâmbio Científico-cultural. Nesta viagem, os professores envolvidos e todos os alunos da classe visitarão centros de pesquisas, espaços culturais e participarão de oficinas educacionais na cidade de São Paulo.
A premiação conta com a parceria da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), da Rede Latino-Americana pela Educação (Reduca), da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) e com o apoio do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).