Fenasul Expoleite é aberta com pedido de solução para as dívidas dos produtores

Evento ocorre até o próximo domingo no Parque Assis Brasil, em Esteio, e tem acesso gratuito (Foto: Isabele Kleim/Divulgação)

A 18ª Fenasul e 45ª Expoleite foram abertas oficialmente na manhã desta quarta-feira, 14 de maio, com espírito de retomada, após a feira ser cancelada no ano passado devido à situação climática. A expectativa dos organizadores é receber até domingo, dia 18 de maio, mais de 100 mil visitantes. O governador em exercício, Gabriel Souza, esteve presente à abertura juntamente com organizadores, dirigentes de entidades participantes do evento e produtores rurais.

A feira da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) e Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), com copromoção da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e Prefeitura de Esteio.

O governador em exercício destacou a grande bacia leiteira do estado e as políticas públicas para o setor do agro. "Lançamos agora um programa de manejo do solo com investimento, praticamente R$ 900 milhões para poder melhorar a fertilidade do solo, para poder produzir mais. E, como médico veterinário, sei muito bem que a produção de leite tem muito a ver com a qualidade e a quantidade de alimentos que os animais consomem. Precisamos manter a saúde do animal para poder gerar a produção de leite que nós temos aqui no Rio Grande do Sul. Então, uma coisa está ligada à outra. O evento hoje comemora uma série de avanços que tivemos, mas, ao mesmo tempo, também coloca atenção sobre esses pontos que nós estamos trabalhando aí que vão viabilizar o futuro da agricultura gaúcha”, destacou Souza.

O presidente da Gadolando e da Febrac, Marcos Tang, saudou e, sobretudo, valorizou a presença das autoridades na cerimônia de abertura. Tang lembrou da resiliência de todos, produtores e administradores do Parque Assis Brasil, que viabilizaram a realização da Fenasul Expoleite um ano após as enchentes de maio de 2024. O dirigente citou as dificuldades que, no entanto, permanecem. "Solo não se recupera do dia para a noite. Basta ver o déficit calcário que tem a maioria das regiões, o quanto precisa ser trabalhado" observou. Tang fez uma comparação: "A terneira que nasce hoje, 14 de maio de 2025, só vai dar retorno, uma vaca criada com amor, boa água boa comida, em dois anos. São 24 meses de criação para nós começarmos a ter um retorno", revelou.

Neste sentido, o presidente da Gadolando e da Febrac ressaltou a necessidade de os governos prorrogarem os prazos de dívidas contraídas e que já estão vencendo. O dirigente cobrou mais agilidade. "Estamos, sim, muito tristes com a inércia principalmente do governo federal, porque a maioria dos produtores de leite, na atividade da porteira para dentro, está renegociando dívidas direto nos bancos, mas com as condições da instituição", observou. Por fim, Tang pediu a união de todos os setores e ressaltou que a Fenasul Expoleite vai mostrar a superação de todos, apesar das dificuldades.

O secretário da Agricultura Edivilson Brum destacou que, apesar das dificuldades financeiras dos produtores e das enchentes do ano passado, a realização da feira vai reforçar o potencial do setor no Estado. Por outro lado, enfatizou a necessidade e importância de atenção maior do governo federal na prorrogação das dívidas dos produtores rurais do Rio Grande do Suk. "Se não avançar a securitização, ou alguma outra possibilidade de utilização do fundo social das dívidas, vamos ter muitos problemas. Nós estamos ao lado dos produtores, porque esta é uma manifestação pacífica para sensibilizar a União da importância de renegociar essas dívidas, para que o Rio Grande do Sul consiga retornar ao cenário nacional com alta competitividade", afirmou.

Em sua manifestação, o presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, lembrou que, neste período no ano passado, o Parque Assis Brasil estava debaixo d’água. “E na sequência, por incrível que pareça, veio uma nova seca”, comentou. Gedeão falou sobre a recuperação do Estado e do trabalho realizado pelo Senar no apoio aos produtores, citando em especial a região do Vale do Taquari que tem a bovinocultura leiteira como uma das principais atividades agropecuárias. Foram atendidos, na ocasião, cerca de 40 mil cabeças de gado. “Conseguimos ajudar na enchente e isso foi a simbologia do que vivemos”, disse.

O presidente da Federação também falou do acúmulo de perdas de 2020 para cá, onde o Estado teve uma quebra total de 50 milhões de toneladas. “Não podemos negar que o Rio Grande do Sul está no epicentro de uma mudança climática que nos distancia dos outros estados brasileiros”, ao ressaltar a situação de endividamento dos produtores e a ausência de ações por parte do governo federal. “O governo estadual tem sido parceiro, mas não estamos tendo esse entendimento pelo governo federal. Nada veio e os sistemas estão exauridos. Se não vier uma ajuda a longo prazo, veremos pela primeira vez uma redução de área de plantio no estado”, afirmou.

A irrigação foi apontada como a melhor solução para o quadro futuro que se apresenta. “Tudo é investimento e investimento alto. Como esse produtor pode fazer irrigação se depende de investimento?”, questionou Gedeão. O presidente apontou a Fenasul Expoleite como um exemplo da resiliência dos gaúchos e na crença de um futuro melhor, “Com certeza, com ajuda ou sem ajuda, em curto ou longo tempo, estaremos dando a volta por cima”, concluiu.

O vice-presidente da Fetag-RS, Eugênio Zanetti, destacou a importância da Fenasul Expoleite para a agricultura e pecuária familiar. “É um evento de grande importância para o Rio Grande do Sul, pois valoriza a agricultura, a pecuária e o trabalho de quem vive no campo. É um espaço de troca, aprendizado e fortalecimento do setor. Neste ano, temos a alegria de contar com a presença de 40 agroindústrias familiares, que trazem à feira produtos de qualidade e mostram o potencial da agricultura familiar, que gera renda, preserva a cultura e movimenta a economia local”.

Ao dar as boas-vindas a Esteio, o prefeito anfitrião, Felipe Costella, destacou a representatividade na produção do estado das instituições presentes no evento. “Temos aqui hoje uns 40% do PIB do Rio Grande do Sul”, estimou. “Não tenho dúvida que esta edição da Fenasul Expoleite vai bater recordes, tanto em público, quanto em prospecção de negócios e conquistas para o setor”, afirmou o gestor esteiense. Felipe aproveitou para fazer um convite às demais programações do evento, em especial à Multifeira, que vai comercializar e expor no Parque Assis Brasil produtos e serviços sediados em Esteio e em outras cidades do Rio Grande do Sul.

O evento conta com cerca de 3 mil animais inscritos, entre os que participam de campeonatos e do rodeio, realização de concurso leiteiro, avaliação morfológica, agroindústria familiar, rodeio, seminários e eventos técnicos, além da novidade do 2º Campeonato Pan-Americano de Assadores Ancestrais, que junto inova com a preparação da maior linguiça do mundo e a confecção do maior arroz carreteiro do planeta. A Fenasul é a segunda maior feira agropecuária realizada, após a Expointer, no Parque Assis Brasil anualmente. A participação do público vem crescendo ano a ano, assim como o número de animais. Em 2023, houve 1,2 mil animais inscritos já, nesta edição, o número mais que dobrou.

A Fenasul Expoleite ocorre de 14 a 18 de maio, no Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Junto com a Fenasul Expoleite também acontece o 10º Rodeio Fenasul, a Feira da Agricultura Familiar, que este ano conta com 40 estandes para as agroindústrias, o 3º Rodeio Artístico de Esteio e a 4º Multifeira de Esteio, com exposição da indústria, comércio, serviços e artesanato do município, shows musicais todos os dias, apresentações culturais, espaços de inovação e kids, entre outras atrações.

A feira, que ocorre das 8h às 22h, é totalmente gratuita e também não há cobrança de estacionamento. O acesso do público pedestre pode ser feito pelo portão 3, para quem desce na estação do Trensurb, e pelo portão 7, na rua lateral ao Parque (Avenida Celina Chaves Kroeff). Os visitantes motorizados poderão entrar pelos portões 2, 5 e 10. Os expositores terão acesso por portão exclusivo. Entram pelo portão 5, enquanto os expositores de gado de leite pelo 7.

*Com apoio das assessorias de Seapi, Farsul, Fetag e Prefeitura de Esteio