Causas e consequências da rotatividade das pessoas em propriedades rurais foram destacadas durante a 31ª edição do Prosa de Pecuária, a última live mensal do Instituto Desenvolve Pecuária deste ano de 2023. As sócias fundadoras da Agroteams Escola do Campo, Valentina Albornoz Pavão e Ana Luiza Schultz, falaram sobre “Como vencer a alta rotatividade e atrair bons colaboradores no campo”. O vice-presidente da entidade, Paulo Costa Ebbesen, abriu a live nesta segunda-feira, 18 de dezembro, salientando o importante trabalho realizado pela Agroteams junto às empresas agropecuárias. A live foi transmitida pelo canal de Youtube do Desenvolve Pecuária.
Valentina iniciou a sua fala colocando que a alta rotatividade de pessoas é um tema “dolorido” para os produtores rurais pela dificuldade de trazer para o setor profissionais com perfil de crescimento. Ana Luiza, por sua vez, lembrou que quando se fala de pessoas é muito dinâmico. “Nós trabalhamos com a natureza e com o ativo humano e então como conseguimos nos posicionar e entender todo esse cenário e ter a consciência de que nem sempre temos todas as respostas, mas é fundamental ter boas perguntas”, argumentou.
A palestra abordou o cenário atual e os desafios, causas e impactos da rotatividade, soluções e atratividade. Iniciando pelos principais desafios enxergados hoje pelos produtores rurais no mercado e que vão compondo um cenário difícil e ao mesmo tempo desafiador no sentido de crescimento, Valentina citou o choque de gerações e o perfil de pessoas que estão trabalhando no agronegócio, tanto na sucessão familiar quanto na equipe. “Precisamos entender o que é valor e o que é realmente atrativo para cada geração e como isso impacta no gestor”, pontuou.
Entre os desafios também foram citados a cultura do “sempre fiz assim”, manter a equipe motivada e comprometida, distância entre o líder e todos os cargos existentes na propriedade, escassez de talentos no mercado de trabalho para o setor, nível cultural e de escolaridade desafiadores e os modelos de negócios diferentes. Na parte da rotatividade, Valentina explicou que se trata do percentual de substituições de antigos funcionários por novos, em um determinado período. “A rotatividade, porém, mede principalmente a capacidade da empresa em reter os colaboradores e em ser atrativa para eles”, colocou.
Segundo Valentina, é preciso entender se a rotatividade é voluntária ou involuntária. “Trata-se de um dado muito importante para saber o que está acontecendo dentro do negócio”, informou, elencando as principais causas da rotatividade de pessoas. Entre elas, estão as deficiências na gestão, baixa remuneração, baixa motivação profissional, liderança ruim e ausência de plano de carreira. “Os impactos da alta rotatividade se refletem na queda de produtividade, despesas com demissões e admissões, além da queima da reputação da empresa e ou do líder”, esclareceu, salientando que não existem apenas aspectos ruins, mas a rotatividade pode ajudar na melhoria dos processos e na renovação da equipe.
Valentina trouxe percentuais em relação às áreas de insatisfação que aumentam a rotatividade dentro das empresas, sendo 66% ligados ao engajamento e cultura ou bem-estar e equilíbrio entre vida profissional e pessoal, e 20% na busca de melhores remunerações e benefícios.
Ana Luiza, por sua vez, falou sobre o trabalho desenvolvido pela Agroteams afirmando que a principal ferramenta é a comunicação. Entendemos que a rotatividade vem cada vez mais batendo os limites e não só em questão de números, mas de frustrações de produtores rurais do universo gerencial, assim como também uma grande inquietude do mundo operacional. “Conhecemos a empresa pelos olhos das pessoas que fazem parte dela. Não é preciso desacelerar o olhar técnico, mas é necessário colocar um gás muito forte em conhecer pessoas”, observou.
Conforme Ana Luiza, foi realizada uma pesquisa com mais de 60 produtores da Campanha e Fronteira Oeste do estado, com um olhar mais voltado para a pecuária, em que 100% disse entender a importância em se qualificar como gestor. “Perguntados, porém, sobre a frequência em que as equipes são treinadas, em torno de 45% responderam que isto nunca foi feito”, informou, enfatizando a necessidade de entender as causas e consequências deste comportamento. Outro dado colocado por ela, foi a média dos cenários atuais. O tempo médio de trabalho nas empresas fica em 2,1 anos e a rotatividade/ano em 37%.
Finalizando a sua palestra, Ana Luiza enfatizou que a rotatividade é um radar importante no trabalho realizado pela Agroteams. “Nós temos uma grande preocupação de quem está entrando nas equipes e de quem está saindo e como. A rotatividade parte da atratividade, da forma como é feita a seleção, da conexão com os valores das pessoas e como a empresa cria esta atratividade com o dever de casa bem feito. Mas, principalmente, a forma como ela passa a mensagem, o encantamento durante o processo”, concluiu.
Valentina, na sua fala final, apresentou soluções para reduzir a rotatividade. Entre elas estão entender os desafios atuais da empresa, clareza no papel do líder, aproximação do líder com a equipe, atualização e adaptabilidade constante e remuneração adequada e competitiva.
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