Produção de azeite de oliva recua em 2025 mas espera retomada no próximo ciclo
- Redação AgroEffective
- há 2 dias
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O Rio Grande do Sul, principal polo da olivicultura brasileira, com cerca de 80% da produção nacional, produziu 190,3 mil litros de azeite de oliva em 2025. O número é próximo dos 193,15 mil litros de 2024 e bem distante dos 580,2 mil litros em 2023. Apesar da queda devido a fatores climáticos, a expectativa é de retomada já nos próximos anos.
Em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira, 1º de setembro, na 48ª edição da Expointer, em Esteio (RS), o presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Flávio Obino Filho, apresentou as últimas atualizações do setor. Hoje, o Brasil cultiva 10 mil hectares de oliveiras, sendo que metade já estão maduros, ou seja, com capacidade plena para produzir. Uma planta leva, em média, três anos para entrar em produção.
A expectativa para a safra 2026 era de atingir 1 milhão de litros, porém o excesso de umidade, principalmente no Sul do país, provocou uma quebra de produtividade e em 2024 a safra chegou a 343 mil litros em todo o país, puxada pela boa produtividade em São Paulo e Minas Gerais. “Até aqui o clima tem colaborado, o frio mais intenso dos últimos 20 anos favoreceu o desenvolvimento dos pomares, agora é torcer para que não venha a chuva, pois a oliveira não gosta de umidade”, apontou Obino Filho. Santa Catarina e Paraná se mostraram novas fronteiras agrícolas para os olivais e também devem contribuir para a expansão da olivicultura.
De acordo com o presidente do Ibraoliva, existe mercado à disposição da porteira para dentro, mas o maior gargalo que impede o setor de desenvolver e até mesmo exportar está no baixo investimento em pesquisa. “No início a Embrapa nos ajudou, hoje temos produtores desenvolvendo suas próprias pesquisas, queremos buscar parcerias público- privadas, as universidades e reunir os dados que já existem. Tem variedades gregas que com a baixa umidade de lá, são arbustos, e aqui choveu três vezes mais e as oliveiras crescem, dão folhas e tronco, mas nada do fruto”, explicou Flávio.
Hoje a variedade que melhor se adaptou no Brasil é a Arbequina. De origem espanhola, é facilmente introduzida no sul e no sudeste. Serve tanto para blends como a produção de azeite a partir dessa variedade. “Ela tem o frutado como característica e não é uma azeitona intensa, então os puros varietais da Arbequina, duram menos, mas ao agregar com outras variedades é excelente e isso ajuda a fazer os nossos blends”, ponderou o dirigente.
E voltando a falar de azeites mundo afora, onde tem olivais, há turismo. Alguns municípios gaúchos já se despertaram para essa realidade, como Sant’Ana do Livramento que tem a Rota das Oliveiras. Encruzilhada do Sul, que possui a maior área do estado com oliveiras, cerca de mil hectares, também já busca viabilizar esse setor. Desta vez o entrave são os investimentos públicos em rodovias, citou Paulo Lipp João, coordenador do programa pró oliva da Secretaria Estadual de Agricultura. “É um potencial ainda adormecido, o olivoturismo. Já temos algumas experiências com vinho na metade sul, mas a experiência de conhecer um olival ainda está adormecida. Potencial existe e que a gente imagina que daqui mais algum tempo, pode levar dois, quatro anos, vá se criar rotas muito interessantes dentro de municípios como Encruzilhada do Sul, Pelotas, Bagé e até outros municípios menores, com roteiros de um dia, dois, porque onde é que você vai conhecer um olival? Só aqui no sul do país ou na Serra da Mantiqueira, então é um potencial aberto para todo país”, observou.
Para fomentar o setor produtivo do azeite, o Ibraoliva promove no mês de dezembro, em Bagé, o Seminário Binacional e o 6º Encontro Estadual de Olivicultura. “Os uruguaios têm pesquisas que podem servir de referência para nós aqui na Campanha e Fronteira Oeste, por isso, contamos com a presença de técnicos, produtores e especialistas neste evento”, destacou Obino Filho.
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