Selo assegura que consumidor leve para casa produtos 100% leite de búfala

Onze laticínios certificados oferecem ao consumidor segurança na escolha do leite de búfala (Foto: Duda Correa/Divulgação)

O Selo de Pureza, da Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos (ABCB), busca estabelecer padrões de autenticidade para produtos de leite de búfala comercializados no Brasil. O programa se apoia em um controle mensal realizado em conjunto com o Instituto de Zootecnia de São Paulo, sistema que, segundo a entidade, permite a verificação da origem e a exclusividade do leite utilizado na fabricação dos produtos destinados ao consumidor.

Para o presidente da ABCB, Simon Riess, a principal função do selo está na garantia de procedência e na transparência com o público. “A importância do selo é, de forma bem transparente, garantir que o consumidor compre sempre o produto feito com leite de búfala. É uma forma de o consumidor saber exatamente o que está levando para casa. E isso é possível graças a um rigoroso controle mensal, feito em parceria com o Instituto de Zootecnia de São Paulo, que analisa amostras de todos os produtos participantes do programa”, explica.

Além da certificação, a iniciativa pretende fortalecer as relações entre os diferentes elos do setor. Para Riess, a vinculação à associação amplia o impacto do programa. “O selo, por estar vinculado à ABCB, impacta diretamente toda a cadeia, por unir mercado, produtor, criador e pesquisa. É um programa que integra todos os elos e contribui para o fortalecimento do setor”, destaca.

O Selo de Pureza foi conquistado por 11 laticínios distribuídos em estados como Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Ceará, Pará, entre outros. A abrangência nacional do programa é apontada como uma das características mais relevantes do trabalho. “Estamos presentes em praticamente todas as regiões, mostrando a eficiência do programa e o porquê de existir um selo de pureza. Conseguimos atingir todo o Brasil, o que é uma conquista importante para a cadeia do leite de búfala”, afirma o presidente da ABCB.

É do Rio Grande do Sul um dos laticínios que processam leite de búfalas e que receberam a distinção Selo de Pureza concedida pela Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB). O Laticínios Kronhardt tem sede em Glorinha (RS) e produz burrata, mussarela em pedaço e em bola. É a única empresa a processar leite de búfalas no Estado.

O trabalho com leite de búfalas começou 25 anos atrás, como conta Filipe Signori. “Iniciou uma parceria com a Cooperbúfalo, que era uma cooperativa de criadores de búfalo aqui do Rio Grande do Sul. Eles procuraram um parceiro para processar o leite de búfala e a nossa empresa encampou a ideia”, diz. Hoje, comercializam burrata e mussarela (em barra, bola e cerejinha), com o processamento de 10 mil litros de leite por semana. Sem rebanho próprio, o laticínio compra de dois produtores locais.

Há cerca de cinco anos, o Laticínios Kronhardt recebeu da ABCB o Selo de Pureza, concedido às empresas que produzem derivados 100% de leite de búfalas. Signori explica que foi quando perceberam uma necessidade do mercado de reconhecer o produto como realmente autêntico, porque processam leite de búfalas, mas também de vacas. “Então, foi muito interessante para nós porque o Selo de Pureza veio avalizar aquilo que a gente sempre fez e sempre, comprovadamente, colocou nos nossos produtos, que era puro leite de búfala. E isso foi muito importante porque deu esse aval da associação e da entidade Selo de Pureza”, explica. O empresário garante que a distinção fortaleceu a marca e a produção perante os clientes aqui no Rio Grande do Sul.

E o grande mercado de São Paulo também tem laticínio que recebeu a distinção do Selo de Pureza, da ABCB, por processar leite de búfala. O proprietário do Laticínios Montezuma, Fabio Pimentel, revela que a empresa, sediada no município paulista de São João da Boa Vista, é certificada com o Selo de Pureza desde 2018. Conforme Pimentel, o laticínio começou em 1996, com cinco búfalas.

O empresário conta que iniciou produzindo 30 litros de leite/dia e trocava parte do leite por pão na padaria e por carne no açougue. “Quando eu comecei com búfalos ninguém acreditou no negócio, porque entendiam que o búfalo era selvagem e que não daria certo”, recorda. Pimentel ressalta que a cidade de São João da Boa Vista já foi considerada a maior bacia leiteira do estado de São Paulo. “Havia três laticínios, mas hoje não tem mais nenhum laticínio bovino na cidade. Tem um produtor de leite bovino e o Laticínios Montezuma, que segue crescendo porque o búfalo se firmou como animal produtivo, sendo que os derivados do leite de búfala se consolidaram como uma excelente alternativa”, pondera.

Fábio Pimentel avalia que fazer parte do Selo de Pureza valoriza a marca Montezuma, os produtos, os criadores de búfalos e, principalmente, os produtores de leite e de derivados que não fraudam. “É a garantia que o produtor tem que o produto contém 100% de leite de búfala, porque quem compra de quem não faz parte do selo, não tem garantia do que realmente tem lá dentro. Nós aferimos e monitoramos todos os produtores. O Selo de Pureza é muito importante, pois valoriza toda a cadeia”, conclui. A Laticínios Montezuma produz queijo frescal, ricota, doce de leite, mussarela fresca-cereja e bola, mussarela seca-nozinho-palito-barra 0,5 e 3 quilos, manta e bastão.

O Selo de Pureza também chegou a Minas Gerais. O Laticínios Bom Destino, com sede no estado, é uma das empresas certificadas por produzir derivados exclusivamente com leite de búfala. A distinção reconhece a autenticidade dos produtos e fortalece o compromisso da empresa com a qualidade e a rastreabilidade de sua produção.

A empresa opera com uma equipe técnica qualificada e processos rigorosamente monitorados, garantindo padrões internacionais de segurança alimentar. Entre as certificações está a FSSC 22000 — norma reconhecida globalmente pela Iniciativa Global de Segurança dos Alimentos (GFSI), que integra requisitos da ISO 22000 e ISO/TS 22002-1. “Temos controle absoluto do processo, desde a matéria-prima até a entrega final, com laboratórios de análise físico-química e microbiológica funcionando em tempo integral. Isso nos permite assegurar que cada produto está dentro dos padrões mais exigentes do mercado”, explica João Batista de Souza, sócio da empresa.

Além da segurança, o Bom Destino investe em sustentabilidade e eficiência operacional. Ações como a fertirrigação com resíduos tratados, uso de energia solar, coleta seletiva e participação no projeto Eu Reciclo fazem parte da rotina. A empresa também atua com projetos sociais voltados à comunidade local e adota estratégias de automação industrial para aumentar a produtividade.

Sobre o Selo de Pureza, João Batista destaca que a certificação garante ao consumidor que o leite utilizado é 100% de búfala, com os benefícios da proteína A2A2. “É um aval de confiança para quem valoriza a origem e quer um produto autêntico, sem mistura”, afirma.