Uma propriedade com 12 sócios neozelandeses desenvolve há 15 anos no sudoeste da Bahia um projeto baseado em conceitos adotados na Nova Zelândia, onde a produção de leite é exemplar para o mundo. A Fazenda Leite Verde, do grupo Leitíssimo S/A, fica situada próximo da bacia do Rio Formoso, a 40 quilômetros da cidade de Mambaí (GO), e foi tema de Dia de Campo promovido pela Associação Brasileira das Pequenas e Médias Cooperativas e Empresas de Laticínios (G100), da qual também é associada. O evento contou com uma aula sobre o funcionamento do sistema de pastejo rotacional, sistema de recria e detalhamento do manejo. Os participantes mostraram muito interesse pelo rigor do empreendimento. Estiveram presentes empresários e dirigentes de cooperativas, técnicos com especializações diversas, pesquisadores da Embrapa CNPGL, convidados especiais e técnicos da área de fomento do Ministério da Agricultura além de associados do G100 do Ceará, Paraíba, Alagoas, Espirito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Rio Grande do Sul. A fazenda possui menos de quatro mil animais a pasto, com média diária de 13 litros por vaca, totalizando 50 mil litros a cada dia e produz mais ou menos duas mil bezerras anualmente. Conforme o diretor executivo do G100, Wilson Massote, no Ceará existem projetos similares em grandeza e construídos também por pessoas persistentes, muito próximos, conceitualmente, no que se refere à produção de leite a pasto, com todas as suas exigências. Destaca, porém, que possuem maiores dificuldades de disponibilidade de água. Durante o Dia de Campo, foi lembrada a importância de áreas reservas, principalmente pela questão climática, já que o projeto está situado em uma região de transição entre o Cerrado do Centro Oeste e o Semiárido nordestino. “Nessa fazenda, são seis meses de seca alternando com seis meses de chuva, então a irrigação é primordial. Na média chove 1,4 mil milímetros ao ano, o suficiente para repor os estoques dos lençóis freáticos, que são muito fartos. Os pivôs param durante as chuvas, e só”, afirma Massote. Os diretores do Grupo Leitíssimo, Dave Broad e Simon Wallace, explicaram ainda aos visitantes como foi desenvolver o trabalho em um local onde não havia nada. Na escola onde estudam os filhos dos diretores e funcionários da fazenda, há um espaço em destaque para a história. Fotos fixadas nas paredes testemunham a aventura que foi o empreendimento. Os registros históricos ficam estrategicamente situados na escola, mostrando às novas gerações como construir um projeto. A questão ambiental também é especialmente tratada desde cedo com os alunos. “Foi um dia de perguntas e respostas sobre recria, alimentação, reprodução, descarte, genética, carrapato, custos, preços e fatores de produção. Nenhum assunto deixou de ser abordado”, conta Massote.
- G100