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Sustentabilidade e desenvolvimento rural ganham destaque em Encontro de Professores


O tema “A Sustentabilidade Ambiental no Meio Rural” abriu o terceiro dia de palestras do 38º Encontro Estadual de Professores de Ensino Agrícola, promovido pela Associação Gaúcha de Professores Técnicos de Ensino Agrícola (Agptea), no Recanto Maestro, em Restinga Sêca (RS). Foram palestrantes o engenheiro agrônomo e professor da Antonio Meneghetti Faculdade (AMF), Alex Fabiano Giuliani, e o coordenador da Cadeia Produtiva Solidária das Frutas Nativas e Coordenador de Projetos do CETAP, Alvir Longhi.


Ao iniciar a sua fala, Alex Fabiano Giuliani lançou um desafio para os professores levarem para as suas escolas e comunidades a questão da sustentabilidade. Salientou que muitas pessoas não estão dando a devida importância para a qualidade da água no ambiente rural. “Esta é uma temática bastante acentuada nos dias atuais, então a gente tem uma extrema necessidade de trabalhar com os nossos estudantes a conscientização, Sabemos que não conseguimos mudar de outra forma a não ser pela educação”, colocou.


Conforme Giuliani, o desafio para professores e técnicos é como fazer para integrar os temas ambiental, econômico e social, e passar isso aos estudantes. Ele citou a importância das boas práticas agrícolas para o fluxo das águas subterrâneas, para que ela retorne ao solo. “Se eu não tiver uma boa capacidade de infiltração, para onde vai essa água”, questionou, já respondendo que haverá um escorrimento superficial, sem infiltração no solo, que irá parar dentro dos lagos, dos rios, e junto estará arrastando os nutrientes, “levando toda a vida biológica da superfície do solo para lugares inadequados”.


Giuliani afirmou, ainda, que o solo precisa das recargas feitas pela chuva. No entanto, segundo ele, se as plantas de proteção da superfície do solo foram retiradas, a água tende a escorrer mais rápido, demorando para repor os depósitos subterrâneos que são importantes para o consumo de água, principalmente no meio rural. Outra questão abordada pelo professor da AMF foi a importância de ter o equilíbrio nos ecossistemas. “O desequilíbrio ambiental acontece devido a vários fatores como indústrias que colocam dejetos nos rios, descarte irregular de lixo e o efeito estufa aumentando ano a ano. São questões para a gente trabalhar”, informou, dizendo que isso é possível minimizar através de políticas públicas, empresas com responsabilidade e educação ambiental para conscientização.


Na sequência, Alvir Longhi tratou sobre a sustentabilidade aliada ao desenvolvimento rural. Disse que é possível gerar renda associada ao cuidado ambiental. Também falou que seria muito importante debater nas escolas o Código Florestal Brasileiro. Porém, a ênfase dada por ele na palestra foi a pergunta: “É possível gerar renda associada à conservação ambiental?” Respondeu que sim, colocando que uma das primeiras coisas que precisam ser rompidas são as dimensões culturais subjetivas. Longhi citou ações importantes como trabalhar com o desenvolvimento de produtos da biodiversidade nativa e com sistemas produtivos que imitem a funcionalidade da floresta, ou seja, aproveitando a melhor energia do solo possível.


Longhi trouxe como exemplo a cadeia produtiva solidária das frutas nativas, uma organização no estado do Rio Grande do Sul que envolve sete regiões. Participam atualmente 360 famílias de agricultores trabalhando na dimensão do extrativismo, seja no sistema agroflorestal ou recuperando nascentes em beiras de rio. O processo envolve a articulação dos produtores, processamento e comercialização. A cadeia possui seis unidades de processamento e três rotas de distribuição mensais de 45 tipos de produtos. “Se abastece hoje em torno de 60 parceiros comerciais”, informou.


Na noite de quarta-feira, dia 26, a Educação e a Felicidade pautaram a programação do Encontro. O mestre e doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Gabriel Grabowski, destacou diversos pensadores e especialistas, entre eles Jeferson Tenório, escritor, professor e pesquisador, que afirmou que as pessoas tendem a acreditar que a escola e a universidade são uma espécie de ensaio para a vida. O palestrante disse, porém, que a escola é a própria vida. “A vida não para enquanto os alunos aprendem o que é certo e o que é errado. A escola é um microcosmo que reflete o sentimento social”, salientou.


Diversos professores presentes ao evento expressaram as suas experiências nas escolas com os alunos e a observação do comportamento emocional e social deles, com destaque para o aumento da ansiedade entre os jovens. Grabowski afirmou que todo o ser humano deseja ser feliz, seja qual for a classe social, faixa etária, religiosidade, intelectualidade ou sexualidade. “A busca da felicidade parece ser inerente à nossa espécie”, observou.

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